No meio do caos que minha vida estava, mas resolvi tomar uma decisão fundamental. Eu tinha perdido uma tanto de motivação, um pouco de propósito e mais ainda precisava de uma razão que justificasse a minha existência. Depois de cometer alguns erros, andar em caminhos tortos, era a hora de achar a ponte de salvação.
Caminhando sem rumo pela cidade, parei em frente a uma petshop. Tantos bichinhos ali aprisionados. Eis que vi o símbolo da liberdade preso em uma gaiola. E naquele dia, eu viria a descobrir que a minha razão era amarela.
Comprei um canário. Mas por que um canário? Alguns me perguntaram: pra que um canário? O que iria fazer com um canário… Comprei um canário!
Ele era simplesmente um canário, mas não se portava como tal talvez porque a dona fosse eu. Parece loucura, mas parecia gente, agia como se fosse. Quando eu chegava ia me receber com sua canção. Queria comida, mas mesmo depois de alimentado cantava, como forma de agradecimento e aqueles tons embalavam meus pensamentos e minha vida
Indo para a guerra, para o expediente, me bateu um sentimento nostálgico, como a brisa do mar. Estava presa a um canário, trabalhava por um canário, acordava cedo por um canário, privava-me de emoções, de perigos, por um canário.
E um alívio. Achei uma razão de existir. Ela era simples, um simples canário.
Cumulos e Nimbus 